O Milho como Pilar Estratégico do Brasil: Desafios, Regulação e Protagonismo Global
Análise completa da cadeia produtiva que consolida o país como terceiro maior produtor mundial e enfrenta os desafios da sustentabilidade e agregação de valor.
RESENHAS TÉCNICAS
Fabrício Marques, Henrique Rayan, Maria Clara
12/5/20253 min ler


O Milho como Pilar Estratégico do Brasil: Desafios, Regulação e Protagonismo Global
Matéria baseada na resenha técnica escrita por Yuri Torre
O milho no Brasil é mais do que uma commodity agrícola, consolidando-se como um pilar estratégico para o desenvolvimento nacional ao contribuir para a geração de divisas, a segurança alimentar e a diversificação da matriz energética. Com uma safra estimada em 2025 de cerca de 139,7 milhões de toneladas , o país estabeleceu-se como o terceiro maior produtor global e sua exportação ocupa a segunda posição, atrás apenas da soja. Mais de 40% da produção nacional é destinada à exportação, principalmente para China, Irã, Japão e União Europeia
A Complexidade da Cadeia: Do Insumo ao Consumidor Final
A cadeia produtiva do milho é caracterizada por uma rede ampla e diversificada de agentes, abrangendo desde a produção de insumos (sementes, fertilizantes, defensivos e máquinas agrícolas) até a comercialização e exportação. O cultivo está presente em praticamente todas as regiões brasileiras, com destaque para Mato Grosso, Paraná, Mato Grosso do Sul, Goiás e Minas Gerais. A produção nacional é dividida em duas safras – a primeira, entre agosto e dezembro, e a segunda, conhecida como safrinha, entre janeiro e março – o que garante ao país um grande volume de grãos anuais. O cereal é o principal componente de rações para a suinocultura e a avicultura, sendo crucial para a cadeia de produção animal. Além disso, o milho desempenha uma função estratégica para a crescente indústria de etanol à base de milho. Os elos da cadeia podem ser agrupados em insumos agrícolas, produção agrícola, armazenamento e beneficiamento, indústria (ração, etanol e alimentos) e distribuição/comercialização.
Desafios Estruturais e o Preço da Competitividade
Apesar dos avanços, a cadeia do milho enfrenta desafios estruturais. A logística de transporte, que ainda depende fortemente do modal rodoviário, eleva os custos e compromete a competitividade. A volatilidade de preços, típica das commodities agrícolas, adiciona riscos ao produtor e ao exportador, exigindo políticas de proteção e mecanismos de hedge mais eficientes. Adicionalmente, o Brasil ainda exporta predominantemente milho in natura, necessitando de maior agregação de valor para capturar ganhos associados à industrialização e à diversificação de derivados. No campo, a cultura enfrenta sérios desafios fitossanitários devido a pragas e doenças, como o gorgulho-do-milho (Sitophilus zeamais), que podem causar grandes perdas. O armazenamento inadequado pode levar a perdas entre 15% e 20%.
A Regulação como Fator Chave para o Mercado Global
A inserção estratégica do milho brasileiro no comércio mundial está fortemente condicionada às políticas públicas e à regulação que buscam equilibrar a produção interna, a competitividade externa e a segurança alimentar. Programas como o Plano Safra e o Moderfrota oferecem incentivos financeiros e creditícios para a aquisição de maquinário e tecnologia. A ênfase regulatória recai sobre normas de qualidade, rastreabilidade e sanidade. O cumprimento de padrões fitossanitários, definidos pelo MAPA, é essencial para a competitividade internacional e para atender às exigências de grandes importadores. O setor de etanol de milho tem apoio governamental via políticas de incentivo à bioenergia e pelo programa RenovaBio, reforçando o papel do cereal como insumo energético estratégico. No plano internacional, o Brasil busca diversificar mercados e consolidar acordos, sendo a adesão a certificações de qualidade e sustentabilidade parte desse esforço para fortalecer a imagem do país como fornecedor confiável e competitivo.
Conclusão: O Caminho para um Protagonismo Duradouro
O sucesso contínuo do Brasil como líder mundial dependerá da capacidade de conciliar eficiência logística, inovação, sustentabilidade e políticas públicas consistentes. Nesse cenário, a sustentabilidade ambiental e a inovação tecnológica surgem como fatores determinantes para o futuro do setor. O fortalecimento de práticas agrícolas sustentáveis, o uso de bioinsumos, o avanço da agricultura de precisão e o investimento em pesquisa genética são caminhos essenciais para garantir competitividade em um mercado global cada vez mais exigente. Somente com essa combinação o país poderá transformar sua vantagem produtiva em desenvolvimento econômico duradouro e em um protagonismo ainda maior no comércio agrícola internacional.
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